CHIANG MAI e CHIANG RAI

CHIANG MAI: O Coração Cultural do Norte da Tailândia

Antes de mergulharmos nas luzes flutuantes, preciso contar um pouco sobre Chiang MAI, essa joia escondida no extremo norte da Tailândia. Diferente da agitação de Bangkok ou da popularidade de Chiang Rai, esta tem uma vibe mais tranquila e muito histórica. É a província mais setentrional (o mais extremo norte possível) do país, abençoada com paisagens montanhosas deslumbrantes e rios serenos.

Uma das coisas que mais me fascinou foi a rica herança cultural do antigo Reino de Lanna, que ainda pulsa forte por aqui. Chiang Mai chegou a ser capital desse reino por um período, e essa história se reflete em cada templo, em cada detalhe arquitetônico. A cidade é um verdadeiro museu a céu aberto, com templos que são verdadeiras obras de arte, cada um contando uma parte da história e da espiritualidade tailandesa.

TEMPLOS

Aproveitando o gancho do parágrafo anterior, Chiang Mai fica próximo de Chang Rai, é onde vários templos muito únicos e diferentes se encontram, pois ao contrário de Bangkok que mostra muitos itens adornados de ouro e com grande histórias centenárias ou milenar, os templos daqui não, são muito mais novos e muitas vezes projetados por artistas.

TEMPLO AZUL

Nós conhecemos três templos, o primeiro que visitamos foi o é o Wat Rong Suea Ten: O Templo do Tigre Dançarino, no caso o da foto acima. O nome "Wat Rong Suea Ten" significa "Templo do Tigre Dançarino", e a lenda local diz que o local era um habitat de tigres que pulavam sobre o rio. Mas o que realmente dança aqui são as cores! Ao chegar, a primeira coisa que te atinge é o azul intenso, quase elétrico, que cobre todo o templo. É um azul safira, adornado com detalhes dourados que brilham sob o sol tailandês, criando um contraste deslumbrante.

Este templo é uma obra relativamente nova, projetada por um artista local que foi aprendiz do criador do Templo Branco. E essa influência é visível na riqueza dos detalhes e na abordagem artística, mas com uma liberdade criativa que o torna singular. A arquitetura é uma fusão de valores budistas tradicionais com um design contemporâneo e arrojado. É como se a história e o futuro se encontrassem em uma sinfonia de azul e ouro.

Dentro do templo, havia este buda e nas portas do templo há desenhado a imagem de um demônio, no qual simboliza que quando entramos no templo, nós estamos, é mesmo que sair de um inferno e entrar num local santo, no paraíso, logo, quando fosse necessário sair do templos estaríamos voltando de volta para o inferno, uma forma de simbolizar e enaltecer os locais sagrados do Budismo. Uma forma muito interessante de simbolizar a importância de um local sagrado.

A cor azul, no budismo, tem uma importância por significar a leveza, cura e projeção espiritual. Pode ser influência do templo, mas realmente o local transmitia este ar mais leve e de renovação.

TEMPLO BRANCO

Ao se aproximar do Wat Rong Khun, a primeira coisa que te atinge é a sua brancura imaculada, que contrasta dramaticamente com o céu azul. A cor branca, adornada com milhares de pequenos pedaços de espelho, simboliza a pureza de Buda, enquanto os espelhos representam a sabedoria de Buda que "brilha em todo o universo". É uma visão de tirar o fôlego, quase etérea, que parece flutuar sobre um lago de carpas.

Mas não se enganem pela beleza serena. O Templo Branco é uma complexa tapeçaria de simbolismo budista, arte contemporânea e até mesmo referências à cultura pop. Cada detalhe, por mais minúsculo que seja, tem um significado profundo, guiando o visitante em uma jornada espiritual e filosófica.

A Ponte do Ciclo do Renascimento

Para entrar no templo principal, é preciso atravessar a "Ponte do Ciclo do Renascimento". Abaixo da ponte, um mar de mãos estendidas para o céu, representando o sofrimento do inferno e os desejos mundanos. É um lembrete poderoso das tentações e do ciclo de renascimento. A travessia simboliza a superação do sofrimento e a busca pela felicidade, livre dos desejos e paixões terrenas. É uma passagem que te faz refletir sobre a condição humana antes mesmo de pisar no santuário.

É surreal! Uma estrutura deslumbrante, toda branca e adornada com espelhos que brilham sob o sol. É um lugar que desafia a imaginação e rende fotos incríveis.

Durante nosso passeio o guia contou a seguinte história "O artista que idealizou este local, em sua juventude, simplesmente viu este templo, por um breve momento, como se fosse um frame, mas foi o suficiente para encantar o jovem rapaz no qual passou a sua vida tentando conseguir trazer esta imagem de sua mente e transformar em realidade." Bem, não posso deixar de achar que é uma bela história, mas se é um grande clickbait, aí não sabemos.

TEMPLO DA ARTE

Os templos anteriores possuem cada uma beleza e uma simbologia muito bem arquitetadas por seus idealizadores, e são dignos sempre de uma visita, porém, o templo da arte foi aquele que realmente mais nos encantou. Diferente dos outros, este não foi projetado por artistas, mas sim idealizado e construído na base da fé dos monges e moradores da região, sendo este o único no qual é possível acompanhar sessões de meditações dos monges. Não somente isso, mas a natureza se mistura de uma forma tão bem feita, que transmite paz para os frequentadores do local.

Não é tão famoso quanto os outros templos, isto poderá notar na quantidade de visitantes, porém, quando ver a imagem de um Buda com 70 m de altura, com certeza a percepção de beleza e grandeza serão alteradas para um novo nível.

O templo mostra uma devoção grande não somente as divindades, mas também as pessoas que foram importantes ao longo da história para o Budismo, dando assim uma luz e importância a outras figuras que apareceram ao longo da existência deste modo de vida.

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A CIDADE DURANTE O FESTIVAL

Chiang Mai é cidade mundialmente visitada por conta do festival das lanternas, então a cidade sempre se prepara para receber turistas de todas as partes do mundo, Chiang Mai fica toda decorada, principalmente nos templos, onde a principal decoração são as lanternas coloridas e você poderá comprar, fazer seus pedidos e logo em seguida pendurá-las. 

Não somente os templos, mas como em várias praças há pontos para fazer o ritual Loi Krathong, este ritual é muito bonito e simbólico, principalmente se for feito a noite, Loi" significa "flutuar" e "Krathong" é o nome da pequena balsa ou cesta, tradicionalmente feita com tronco e folhas de bananeira, e decorada com flores, velas e incenso. Durante o festival, as pessoas soltam esses "krathongs" em rios, lagos e canais junto de uma vela acesa.

O Loi Krathong é rico em simbolismo e possui múltiplos significados:

• Gratidão e Pedido de Desculpas à Deusa da Água: A principal tradição é agradecer e pedir perdão à deusa da água, Phra Mae Khongkha (a versão tailandesa da deusa hindu Ganga), pela abundância de água durante o ano e por qualquer poluição causada.

• Deixar o Negativo para Trás: O ato de soltar o krathong na água simboliza a libertação de rancores, raiva, mágoas e toda a negatividade acumulada. Muitas pessoas colocam um pedaço de unha ou um fio de cabelo no krathong para representar o abandono de si mesmos e o início de um novo ciclo.

• Fazer Pedidos e Atrair Boa Sorte: Ao soltar o krathong, as pessoas fazem pedidos para o futuro, desejando sorte e prosperidade. Existe a crença de que se a vela permanecer acesa até que o krathong desapareça de vista, o desejo se realizará e a pessoa terá um ano de boa sorte.

• Veneração a Buda: A vela acesa no krathong também é uma forma de venerar Buda com sua luz.

Ao mesmo tempo, o mais renomado festival da Lanterna Flutuante Noturna ( também chamada de Khom Loib) irá acontecer, a principal marca e característica são as famosas lanternas feitas com bambu e papel de arroz. 

CURIOSIDADES SOBRE O FESTIVAL DAS LANTERNAS

• Conexão com o Fim das Monções: O festival marca o fim da estação das monções, simbolizando um período de renovação e um novo começo, geralmente no 12º mês lunar, o que ocorre por volta de Novembro.

• Vestimenta Branca: Muitos participantes se vestem de branco durante as cerimônias, uma cor que simboliza pureza no budismo.

• Preocupações Ambientais: Apesar da beleza estonteante, há uma crescente preocupação com o impacto ambiental das lanternas. Nos últimos anos, tem havido um esforço para promover o uso de materiais biodegradáveis e limitar o lançamento de lanternas a áreas designadas para garantir a segurança e minimizar a poluição.

• Regulamentação de Voos: A popularidade do festival é tão grande que, em Chiang Mai, o principal local da celebração, voos são cancelados ou remarcados durante o pico do lançamento das lanternas para evitar acidentes aéreos.

• Eventos Públicos e Privados: Existem tanto celebrações públicas e gratuitas nas ruas e templos de Chiang Mai quanto eventos privados e pagos. Os eventos privados, como o famoso Mae Jo, são conhecidos por sincronizar o lançamento de milhares de lanternas ao mesmo tempo, criando uma imagem espetacular e muito procurada por fotógrafos e turistas.

O festival das lanternas é, sem dúvida, uma das celebrações mais visualmente impressionantes e espiritualmente significativas do mundo, combinando beleza, fé e cultura de uma maneira única.

Mais sobre as lanternas (KHOM FAI)

A lanterna funciona como um mensageiro. Antes de soltá-la, as pessoas fazem um desejo ou uma oração em silêncio. Acredita-se que, à medida que a lanterna sobe em direção ao céu, ela leva esses pedidos aos seres celestiais. Existe uma crença popular de que, se a sua lanterna subir alto e desaparecer de vista antes que a chama se apague, seu desejo será atendido e você terá um ano de muita sorte e prosperidade. Uma lanterna que cai rapidamente ou pega fogo é vista como um mau presságio.

Essas são projetadas justamente para impactar o mínimo possível a natureza, principalmente por envolver uma lanterna com uma base que irá pegar fogo, por isso há um controle muito grande no modelo de lanterna que são vendidos e onde que pode ser lançado. Não é permitido lançar uma lanterna em qualquer lugar, pois esta se estiver com algum rasgo, ou o vento não for favorável para que possa subir e ser completamente consumida pela base incendiada, podem cair em casas, fios elétricos, plantações próximas, por isso que são aplicadas multas severas contras os infratores que forem pegos, por isso os Bombeiros nesta época ficam em estado de vigilância máxima, prontos para qualquer eventualidade.

TIPOS DE EVENTOS

Públicos

Os eventos públicos são a forma mais tradicional e autêntica de vivenciar o festival, acontecendo organicamente por toda a cidade de Chiang Mai, porém nós não participamos desta modalidade, simplesmente por conta da diferença entre beleza do evento gratuito ao privado.

Localização: Ocorrem principalmente ao redor do fosso da cidade antiga, especialmente perto do Tha Phae Gate, e ao longo das margens do Rio Ping, como nas pontes Nawarat e Iron Bridge (Khua Lek). Muitos templos locais também têm suas próprias pequenas celebrações.

Atmosfera: É uma celebração vibrante, caótica e cheia de energia. Você estará no meio da multidão, com moradores locais e turistas lançando lanternas de forma descentralizada. Há um sentimento de festa de rua, com vendedores de comida, música e uma energia contagiante. É menos cerimonial e mais espontâneo.

Custo: A participação é gratuita. O único custo é a compra da sua própria lanterna (Khom Loi) e do seu Krathong (para o Loi Krathong). Os preços das lanternas variam de 50 a 150 Baht (aproximadamente R$ 7 a R$ 20), dependendo do tamanho e da qualidade.

O Lançamento das Lanternas: Não há um momento sincronizado. As pessoas lançam suas lanternas quando se sentem prontas, resultando em um fluxo constante de luzes subindo ao céu durante toda a noite. Embora não tenha o impacto visual de um lançamento em massa, a visão de lanternas subindo de todas as direções sobre a cidade histórica é mágica à sua maneira.

Privados

Esses são eventos organizados em larga escala, realizados em locais específicos fora do centro da cidade e que exigem a compra de ingressos com antecedência. O mais famoso historicamente foi o de Mae Jo, mas outros surgiram, como o CAD (Chiang Mai Arts and Design) e o Northern Study Center.

Localização: Geralmente ocorrem em grandes áreas abertas, como resorts, centros de estudo ou campos, a vários quilômetros do centro de Chiang Mai. O transporte de ida e volta do centro da cidade costuma estar incluído no ingresso.

Atmosfera: É uma experiência muito mais organizada, controlada e cerimonial. Os eventos geralmente incluem apresentações culturais, música tradicional, meditação guiada por monges e um jantar ou acesso a barracas de comida Lanna. O clímax é o lançamento sincronizado de milhares de lanternas.

Custo: É caro. Os ingressos podem variar aproximadamente R$ 500 a R$ 2.600+ por pessoa, pois vai depender do local em que deseja ficar, como se fosse áreas VIPs, quanto mais regalias e comidas, mais caro, quanto menos, mais barato fica. Os ingressos esgotam rapidamente, principalmente as áreas mais requintadas, então se quiser ir neste evento um dia e ter conforto, preocupe-se em comprar com antecedência, principalmente por compensar gastar mais para pegar acesso em locais mais "exclusivos", o mais simples a alimentação é somente o que evento proporciona e não haverá locais para sentar, somente na grama, já a partir do Premium até o Elite em diante é possível se alimentar melhor, mais opções de bebidas (não há bebidas alcóolicas em lugar algum do evento) e as opções de mesa e cadeira se alteram conforme a categoria comprada.

As agências brasileiras mais conhecidas são: Tailandiando e Phi Phi Brazuca

Detalhes do evento: O festival começa logo no início da tarde, o ingresso que compramos nos dava direito de um translado de Van, de um ponto específico da cidade e de lá seguimos para o local. Chegando lá, nos deparamos com um espaço amplo e muito grande, com várias atrações menores, gratuitas e outras pagas, lá podemos acompanhar danças tradicionais, roupas festivas locais, várias casas de massagem, pontos para realizar o Loi Krathong, este já incluso para qualquer ingresso, vários pontos com comidas simples e bebidas que lembravam muito um chá gelado. Lembra muito uma festa Rave para quem já participou. Há muitos pequenas lojas que poderá comprar itens de artesanato e outros. Já os banheiros, a recomendação principal é de ir o mais cedo possível para depois não precisar mais, pois a água da descarga das privadas muito provavelmente irá acabar antes do festival encerrar.

O momento do lançamento: Este é o grande atrativo e com certeza o momento mais aguardado, mas compensa cada momento até finalmente chegar a hora do lançamento. Primeiro, todos serão chamados para entrarem na região que irá acontecer um espetáculo em comemoração do término do ano lunar, por isso os organizadores realizam apresentações com danças Tailandesas belíssimas e instruções de quando e como lançar as lanternas. O que ajuda muito é que uma das línguas do evento para passar instruções é Brasileira, principalmente em se orientar em alguns momentos. No entanto, uma instrução que é bom deixar é, o lançamento das lanternas é algo sagrado e são chamados alguns monges para fazer um culto a este momento de mudança e virada de ano, e somente após este canto dos monges que seria o momento ideal para lançar as lanternas....quando foi nossa vez, havia muitas pessoas que não entenderam isso, mesmo a explicação sendo falada em várias línguas...e acabaram lançando muito antes da hora (ansiedade né?)...o que acabou fazendo outras pessoas lançando junto, mas de forma alguma tirou o brilho desta noite.

O clima de renovação, de felicidade e realização é tão forte que simplesmente contagia todo mundo, é muito de muito emocionante ver o mar de luzes cobrindo o céu que antes estava tão escuro mesmo com todas as luzes do festival, mas que depois fica muito iluminado e de uma forma quase surreal de pensar. Eu, autor deste texto, afirmo com toda certeza, que espero que qualquer pessoa deste mundo tenha a possibilidade de ver este evento ao menos uma vez em vossas vidas pois são imagens e lembranças únicas que ficarão para sempre em nossas mentes.

Pontos negativos: Vou deixar este momento, pois infelizmente nem tudo são flores e para mim é sempre bom saber que existe um outro lado da moeda, pois:

• Banheiros: como falado antes os banheiros embora não são os químicos, a água com certeza acabará antes do evento encerrar (nem falo da sujeira, pois isso haveria de qualquer forma), mas fique ciente que em certo momento a situação será suja.

• Saída para as Vans: Após o encerramento do festival não houve um time dedicado para levar as pessoas que tinham a van como translado para voltar, então simplesmente tivemos que ficar andando procurando alguma van que tinha espaço para nós entrarmos.

• Chegando na cidade de noite: Se for tentar chamar um GRAB para voltar ao seu hotel, provavelmente terá dificuldade, pois a maioria dos motoristas não estarão ativos, então deverá pegar um Tuc-tuc ou ir a pé do ponto de desembarque até o hotel (foi o que fizemos, já que era uma caminhada de 15 min), mas, após andar o dia todo, é muito provável que já esteja cansado de andar tanto o dia inteiro.

• As áreas VIPS: mesmo pagando mais caro, ficou muito evidente que não tinha muito preparo por parte dos funcionários para atender ao público, o local onde poderíamos beber água as garrafas não tinham um local que pudessem ficar para serem refrigeradas, nem mesmo ficar no gelo, somente algumas estavam geladas e logo acabaram, o restante ficou a céu aberto, e o ceú da Tailândia é intenso, logo, a água estava quente. Fora as outras barracas que não tinha muito claro onde podia começar uma fila, então criar pequenos incômodos entre as pessoas, pois, do nada alguém passava a sua frente achando que não tinha fila.

HOTEL

Por conta do festival, os hoteis normalmente serão muito mais caros do que em outros momentos, ou muito longes do centro, por isso a nossa indicação será o The Common Hostel, embora não é um hotel, há alguns quartos com banheiro privativo e o preço ajuda muito. Com um café da manhã simples, mas pelo menos poderá lavar suas roupas, confraternizar com outras pessoas e estará perto de mercado e outros restaurantes.

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